“A minha prisão, no dia 9 de maio, no cinema Eskye-Tijuca, revestiu-se de sensacionalismo e suspense. A polícia fez constar que eu fora preso com uma caderneta de endereços, com telefone de Brizola e outros. A verdade é que não fui preso trazendo comigo quaisquer documentos ou anotações, a não ser a minha carteira de identidade. As chaves encontradas no meu bolso eram do apartamento onde moro e das portas de entrada do edifício. O dinheiro? Somente 253 cruzeiros. Os agentes do DOPS dispararam um tiro contra meu peito para me matar (…). O pormenor é importante: foi dentro do cinema”.
Três meses depois Marighella foi solto, dezesseis quilos mais magro.
GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002. p. 246.
MARIGHELLA, Carlos. Por que resisti à prisão. Rio de Janeiro: Brasiliense, 1994.