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O golpe, hora a hora

Para relembrar o passo a passo do golpe de estado que derrubou o governo de João Goulart e instalou a ditadura militar no Brasil em 1964, o perfil do IMS no Twitter reproduziu, na sequência original, os fatos mais importantes de 31 de março e 1º de abril de 1964, dois dias que mudaram a história do Brasil.

Preparados pela Ficheiro Pesquisa, sob a coordenação de Patricia Pamplona, os tweets foram compilados a partir de cinco fontes, representadas por códigos:
(EG) A ditadura envergonhada, Elio Gaspari. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
(HS) 1964: golpe ou contragolpe, Hélio Silva. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1975.
(RS) O verão do golpe, Roberto Sander. Rio de Janeiro: Maquinária Editora, 2013.
(JB) Jornal do Brasil de 1º de abril de 1964.
(FF) Revista Fatos e Fotos, abril de 1964.


31 DE MARÇO

6h: O General Mourão, da 4ª Região Militar de Juiz de Fora, se rebela com apoio do Governador de MG, Magalhães Pinto. (EG)

6h30: Junto a Mourão, o General Guedes, comandante da Infantaria Divisionária de Belo Horizonte, também adere ao golpe. (EG)

8h: O General Amaury Kruel, do II Exército, se diz fora: “Isso não passa de uma quartelada do sr. Mourão”. (EG)

10h: Espalha-se a notícia da insurreição. Castello Branco sai de sua casa em Ipanema em direção ao Ministério da Guerra, no Centro. (EG)

11h: Lincoln Gordon, embaixador dos EUA no Brasil, pede a Washington para acionar a Operação Brother Sam. (RS)

12h: Tropas de apoio a Jango saem do Rio e Petrópolis rumo a Juiz de Fora. (EG)

13h: Mourão e Guedes desmentem notícia de que estão rebelados. (EG)

13h: Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (EsCEME), no forte da Urca, sem aulas. Oficiais estimulados a procurar seus postos de combate. (EG)

13h30: Ademar de Barros, governador de São Paulo, fala em “temporal”: “só haverá um, longo. Depois virá a bonança, favorável ao povo e à nação”. (JB)

14h: JK vai ao Palácio Laranjeiras propor a João Goulart medidas para conter golpe. (RS)

14h: Formada a guarda para proteger Castello Branco no Ministério da Guerra, no Centro da cidade. Foi a maior movimentação de tropas golpistas. (EG)

15h: Magalhães Pinto, governador de Minas Gerais, lança manifesto a favor do golpe. (JB)

15h30: Apesar da tensão, retirada de Castello Branco do Ministério de Guerra termina sem conflitos. (EG)

16h: Carlos Lacerda, governador da Guanabara, diz que confia nas forças armadas, e afirma que, mais do que nunca, o país está entregue a elas. (JB)

16h30: General Peri Beviláqua também vai ao Palácio Laranjeiras aconselhar João Goulart. (RS)

17h: Ruas de Botafogo, Laranjeiras e Flamengo bloqueadas por caminhões do governo. (RS)

17h30: Tropas mineiras golpistas, chefiadas pelo general Muricy, chegam na estação Paraibuna. (EG)

18h: Panfletos caem dos céus em Juiz de Fora: Jango confiando nas tropas legalistas e Jair Dantas, Ministro da Guerra, em apoio ao presidente. (EG)

18h30: Gal. Kruel telefona e pede a Jango para se afastar do cerco de “forças populares”. (HS)

19h: Arthur Virgílio, líder do governo, discursa no Senado: “Nós vamos pagar pra ver!” (EG)

21h30: Kruel pede novamente a Jango para romper com esquerda, que responde negativamente: “Eu não abandono meus amigos.” (EG)

22h: Kruel adere aos golpistas. (EG)

0h: Kruel lança proclamação: “O II Exército (…) acaba de assumir atitude de grave responsabilidade com objetivo de salvar a pátria em perigo.” (HS)

01 DE ABRIL

3h: IV Exército, de Pernambuco, lança manifesto de apoio aos golpistas. (HS)

5h: II Exército, comandando por Kruel em São Paulo, parte rumo ao Rio de Janeiro. (Horário estimado)

6h: Editorial “Fora!”, do Correio da Manhã. Todos os grandes jornais prestam apoio ao golpe, com exceção do Última Hora. (RS)

8h: Lançado o Manifesto dos Generais da Guanabara, assinado por Costa e Silva e Castello Branco, pedindo a união do Exército contra Jango. (EG)

10h: Ademar de Barros anuncia a abertura do voluntariado para a Revolução Paulista. (FF)

11h: Lacerda, ao telefone com uma cadeia de emissoras de Minas, clama: “Ajudem o governo da Guanabara!” (HS)

12h: O Coronel Montagna invade o forte de Copacabana, um dos pontos de apoio do governo. (FF)

12h30: Jair Dantas, Ministro da Guerra, rompe com João Goulart. (EG)

12h45: Aconselhado pelo General Âncora, Jango parte para Brasília. (EG)

13h: Em Pernambuco, IV Exército cerca Miguel Arraes. (EG)

14h: Tropas do I Exército, de apoio a Jango, e II Exército, golpista, frente a frente na divisa entre Rio e São Paulo. (FF)

15h: O general Âncora, do I Exército, chega à Academia Militar das Agulhas Negras para encontro com Kruel. (EG)

15h30: Na Cinelândia, estudantes que protestam contra o golpe confrontam pelotões da PM. (HS)

16h: Após saída de João Goulart, tanques que guardavam o Palácio Laranjeiras agora partem ao apoio do Palácio Guanabara. (EG)

16h30: Lacerda, aos prantos, fala com a TV Rio: “Obrigado, meu Deus!” (EG)

17h: Em São Paulo, a notícia da queda de João Goulart chega sob chuva de papel picado, fogos e vivas. (FF)

17h30 João Goulart e aliados redigem documento para declaração ao povo, dizendo que “lutaria enquanto lhe restassem forças”. (HS)

17h45: Castello Branco vai ao forte de Copacabana, onde recebe homenagens com salva de tiros. (EG)

18h: A Associação dos Marinheiros e Fuzileiros, o Clube dos Sargentos e diversos sindicatos são depredados. (HS)

18h30: Uma chuva de papel picado toma conta do céu carioca. (EG)

19h: A União Nacional dos Estudantes é incendiada por civis favoráveis ao golpe. O jornal Última Hora também é depredado. (FF)

22h30: João Goulart decola de Brasília rumo a Porto Alegre. (EG)

23h: Auro de Moura Andrade, presidente do Senado, declara vaga a presidência da República. (EG)

MAIS

Para acompanhar a reconstituição, a Rádio Batuta apresenta um registro raro, também recuperado pela equipe da Ficheiro: um trecho de um programa feito pela Rádio Jornal do Brasil no final de 1964 recordando, em tom triunfalista, o golpe militar. Segundo o texto da emissora, a população saiu às ruas para “dar graças a Deus pela derrota do comunismo”.