“Está programada para o mês de março próximo uma marche aux flambeaux de 100 mil trabalhadores, que poderão dirigir-se tanto para o Palácio das Laranjeiras como para o Palácio da Guerra, assinalando o momento culminante das pressões populares em favor das reformas de base pedidas pelo presidente João Goulart. O mês de março está sendo visto pelas rodas políticas da oposição como o mês do golpe, porque os dirigentes oposicionistas não podem dissociar a marcha de uma tentativa golpista, mesmo que ela não tenha sido oficialmente programada como uma etapa para a derrubada das instituições”.
Uma reunião noturna na casa do presidente João Goulart, dez dias depois deste anúncio, reuniu João Pinheiro Neto, presidente da SUPRA (Superintendência Regional da Política Agrária), José Gomes Talarico, líder do PTB na Guanabara, e diversos sindicalistas. Segundo João Pinheiro Neto, João Goulart teria dito que estavam ali para “decidir algumas providências em relação ao comício da Central do Brasil, no próximo dia 13 de março, quando vamos assinar em público os decretos da Supra, das refinarias, da remessa de lucro, congelamento dos aluguéis e etc”.
SANDER, Roberto. 1964: o verão do golpe. Rio de Janeiro: Maquinária Editora, 2013. p. 67.
NETO, João Pinheiro Neto. Jango, um depoimento pessoal. P.84-85.