Depois de uma interdição entre abril e setembro, os cinemas do Rio exibem, em outubro de 1964, uma semana de pré-estreias para marcar a visita do presidente Charles de Gaulle. Entre os filmes, “Trinta anos esta noite” (Le feu follet), de Louis Malle, “Um só pecado” (La peau douce), de François Truffaut, e “Os guarda-chuvas do amor” (Les parapluies de Cherbourg), de Jacques Demy, que compõe a programação da mostra Em 1964, em outubro, no cinema do IMS-RJ. A mostra Em 1964 foi iniciada em janeiro e vai até dezembro deste ano, com seleção do coordenador de cinema do IMS, José Carlos Avellar.
Cena de “Os guarda-chuvas do amor”
Também em cartaz, “Sete dias de maio” (Seven Days in May), de John Frankenheimer, lançado nos Estados Unidos em fevereiro de 1964 com roteiro baseado no livro de Flechter Knebel e Charles Bailey, traz Burt Lancaster, Fredric March, Kirk Douglas e Ava Gardner no elenco e mostra “a semana decisiva de um golpe de estado contra o presidente do Estados Unidos depois da assinatura de um acordo com a União Soviética para a destruição de todo o armamento nuclear. Burt Lancaster interpreta o general Scott, articulador do golpe de tendências fascistas contra o presidente Jordan Lyman interpretado por Fredric March”.
Duas comédias também marcaram época, uma de Dino Risi, com Vittorio Gassman, Jean Louis Trintignant e Catherine Spaak, “Aquele que sabe viver” (Il sorpasso, 1962), outra de Blake Edwards com Peter Sellers David Niven e Capucine, “A pantera cor de rosa” (The Pink Panther, 1963, primeira de uma série de aventuras do Inspetor Jacques Clouseau); uma adaptação da peça “A visita da velha senhora”, de Friedrich Dürrenmatt, interpretada por Ingrid Bergman e Anthony Quinn e dirigida por Bernhard Wicki, “A visita” (The Visit, 1964); e uma nova adaptação do conto de Ernest Hemingway (filmado em 1946 por Robert Siodmak, com Burt Lancaster, Ava Gardner e Edmund O’Brien): “Os assassinos” (The Killers, 1964). Para o crítico Luís Carlos Oliveira, um filme “seguro desde a sequência inicial, quando dois assassinos profissionais, Charlie (Lee Marvin) e Lee (Glu Galager), invadem uma escola para cegos e matam um professor que não tenta fugir e no qual reconhecem o ex-corredor Johnny North (John Cassavetes). Don Siegel mantém o estilo clássico dos filmes de gangster, preocupando-se mais com a violência física e com a transformação dos seus personagens em tipos do que em analisar psicologicamente o seu comportamento. Ao lado de Marvin, Galager e Cassavetes, no elenco do filme encontram-se Angie Dickson e Ronald Reagan”.
Programação de outubro da mostra Em 1964:
Cena de “Os guarda-chuvas do amor”
Os guarda-chuvas do amor (Les parapluies de Cherbourg), de Jacques Demy. (França, 1964, 91′).
Exibição: 11 de outubro, sábado, às 14h e às 18h.
Vencedor da Palma de Ouro de Cannes há cinquenta anos, o filme entrou para a história como o primeiro com todos os diálogos cantados – mesmo a fala mais banal, como a de um carteiro ao entregar uma carta ou um mecânico ao abastecer um carro. É a história de um romance proibido pela guerra, o de Geneviève, que trabalha na loja de guarda-chuvas de sua mãe, e Guy, que trabalha num posto de gasolina, e é
convocado para a guerra na Argélia.
